the NachtKabarett

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Lest We Forget  | Against All Gods Tour

All Writing & Content © Nick Kushner Unless Noted Otherwise
Translation by: Lígia Freiberger

Quadro feito por Manson chamado “Experience is the Mistress of Fools” que foi capa da coletânea "Lest We Forget", 2004. Foto original usada como pôster da turnê Against All Gods, 2004-2005.

Imagens e influências desse período (2004-2006) de gestação provisória, bem como inspirações que Manson fez alusão. Tudo levou à “abandonada” era Celebritarian Corporation até a mudança drástica em 2007 com o "Eat Me, Drink Me".

 



Clique nas miniaturas acima para cada influência na era Lest We Forget.

 

Composição para Airélien/L’inconnue por Arragon, 1950.

Foto por Man Ray, do livro Man Ray, 1890-1976.
Performance ao vivo de Manson na turnê AGAINST ALL
GODS. Foto por Cyril Helnwein.

 

 

the Scarlet Empress

Esquerda: The Scartet Empress. Right ; Tim Skold, na parte Europeia da turnê Against All Gods em 2005

The Scarlet Empress, obscuramente narrado por Marlene Dietrich (a quem Manson fez referência muitas vezes durante o "The Golden Age of Grotesque"), é um filme que Manson mencionou pela primeira vez no verão de 2005, na edição de capa da Rolling Stone russa. É altamente elaborado em figurinos e cenários, com um elenco de mais de 1000 pessoas. Muito comentado após seu lançamento em 1934, marcou a continuação da parceria entre Dietrich e Josef Von Sternbergm na sequência de The Blue Angel e, desde então, se tornou referência. Foi relançado pela empresa de vanguarda Criterion.

O filme inteiro, grandemente elaborado, ornado e frequentemente surreal no exagero do cenário em sua imagem, parece remanescente ou, pelo menos, definitivamente influente para o Manson como um todo. Ele conta a história da grã-duquesa Catherine, casada com o duque (idiota) do arco da Rússia, forçada a assimilar os costumes e culturas da Rússia, sendo obrigada a abandonar sua terra nativa em todos os sentidos, Prussia. Ela superou as diferenças e obstáculos dentro da família real e entrou pra história como Catherine, a Grande, amada pelo povo russo e Europeu. Embora o período seja citado como pré-vitoriano, que Manson citou como influência durante a era Lest We Forget – Against All Gods, o cenário e imaginário do filme é muito mais uma homenagem aos ideais vitorianos.

Um elemento muito sutil e breve do filme é o que vamos mencionar aqui. A saia “esquelética” estranha que Skold usou durante a parte Europeia da turnê Against All Gods é uma alusão às roupas bufantes e grandiosas da era Vitoriana, como se fosse o esqueleto de um desses vestidos, o que Marlene aparece vestindo numa pequena cena de Scarlet Empress.

 

 

the Black Death

A primeira menção que Manson fez à Peste Negra foi em novembro de 2004 durante a turnê Against All Gods numa propagação de suas influências na época. Desde então, várias alusões foram feitas nesse período, Manson explorou as origens da Peste Negra, bem como suas influências na arte e sociedade, que continuam até hoje. Manson cita a presença da praga em cima da arte e criatividade e, ainda, que os primeiros esqueletos só começaram a aparecer dentro das pinturas após um terço da Europa ter sido dizimada pela Peste.

Manson cantando "The Nobodies" durante a parte Europeia da turnê Against All Gods.

Durante a Against All Gods, várias pequenas alusões visuais com conotações que levam diretamente à Peste Negra foram feitas. A mais notável foi, embora altamente ambígua, durante a turnê em 2005, onde tocou “The Nobodies” vestido com um traje preto com capuz. Tirando o fato de, por si só, já apresentar um aspecto visual obscuro e ameaçador, apresenta dois níveis na “dica” da Peste Negra: o ser, fazendo o papel dos médicos que trataram as vítimas da praga como remanescentes da seita de pessoas conhecidas como flagelados (que atravessaram a Europa numa marcha praticando auto-flagelação, tornando-se vítimas para satisfazer seu Deus, na crença que a praga foi a revolta de Deus contra os caminhos do pecado); e os próprios flagelados. Os Flagelados eram o oposto daqueles que se deram ao luxo dos prazeres terrestres na crença de que o final era inevitável.

Ilustração do processo de flagelação para atender Deus. Agradeço isso e duas imagens ao vivo ao Bullsik do MansonPL.com, amigo do The NACHTKABARETT. Outra imagem da procissão dos flagelados (Sétimo Selo de Ingmar Bergman. Um favorito do autor desde a metade dos anos 1990), citada como influência para o Manson desde 2004.

Nota: Manson citou Bergman, juntamente com diretores de horror como Hitchcock (cuja voz pode ser ouvida na encarnação da Celebritarian no MarilynManson.com) e Roman Polanksi como influências estilísticas na produção do filme Phantasmagoria: The Visions of Lewis Carrol.

Mais imagens de Ingmar Bergman. A primeira mostra uma pessoa praticando auto-flagelação. Na outra, a dor de um manifestante ensanguentado.

Acima de tudo, o conceito e alusão aos flagelados funciona efetivamente na linha de trabalho de Manson, como uma ilustração da culpa auto-imposta, que o véu do cristianismo influencia aos seus seguidores. Dessa maneira, criando um próprio “inferno na Terra” para escapar das punições. Manson coloca esta como sendo uma ilustração extrema, física e literal.



Traje feito para proteger contra a transmissão, até então desconhecida, do vírus. A primeira imagem, semelhante à segunda, pode ser tomada como fonte de inspiração para a roupa protetora preta que Manson usa na segunda foto.
Paul Fürst, vestuário protetor médico para tratar vítimas da peste de 1656. Gravura.

Os médicos que foram expostos à praga cobriam cada centímetro do corpo com roupas e substâncias aromáticas. O desejo de cobrir completamente todos os orifícios do corpo não estava ligada à idéia de germes no sentido que conhecemos hoje. Ao invés disso, foi uma tentativa de evitar qualquer contato com “vapores venenosos” no ar. De acordo com o pensamento contemporâneo, a praga foi causada pela ira de Deus perante pecadores ou, mais frequentemente, por intromissão do Diabo. Os terríveis odores associados à doença, decadência e podridão indicavam que o Diabo estava presente. Segundo médicos da praga, as mulheres eram naturalmente mais fétidas e pertenciam mais ao mestre da decadência do que ao Criador.
A Maldição: Uma História Ilustrada do Diabo por Robert Muchembled

 

 

Flagelados invocando e reencenando a Paixão de Cristo, enquanto outros pregam a maldição e o destino do pecador. O Sétimo Selo (Ingmar Bergman)
Flagelados encapuzados pregando os caminhos do pecado da humanidade como causa da Peste, balançando os turíbulos sagrados do clero.
Manson surgindo no palco como prelúdio da turnê AGAINST ALL GODS com um incensário aceso que cercava o palco de fumaça.
Foto por Cyril Helnwein.
A estranheza da Praga representando a morte e a fumaça perfumada como um método de jogar pra longe a aflição.
Anônimo, Roupa do Doutor Praga.
Gravura de cobre colorido, século XVIII. Coleção pessoal

Com a violência da Praga fez-se necessário o uso de uma proteção corporal completa, evitando contato com o ar contaminado. Lidar com cadáveres e visitar locais infectados só era possível com essa vestimenta. No século XVI, a famosa médica Ambrose Pare aconselhou afastar mal com mal: para fazer a doença sair da casa, sugeriu trazer um bode pra dentro, pois o odor forte do animal poderia afugentar o perigo. No imaginário coletivo do período, o fedor do Diabo estava ligado à doença, morte, frio e úmidos corpos de mulheres.
A Maldição: Uma História Ilustrada do Diabo por Robert Muchembled

 

 

Lest We Forget Leg Pentagram

Também discutido na seção ARTE & THE GOLDEN AGE OF GROTESQUE, o pentagrama formado por cinco pernas que compõe a capa do "Lest We Forget" é derivado, em parte, de um cartaz antigo do musical “Cabaret”.

Dado ao mesmo o óbvio interesse revigorado no simbolismo Oculto, essas pernas têm, intencionalmente ou não, um paralelo com um dos demônios da Goetia.

O Décimo Espírito é Buer, o Grande Presidente. Ele apareceu em Sagitário e é esta sua forma quando o Sol está lá. Ele ensina Filosofia - moral e natural –, arte da lógica e também as virtudes de todas as ervas e plantas. Ele cura todas as têmperas no homem e dá bons familiares. Ele governa 50 legiões de espíritos e seu caráter de obediência é este, que deves usar.
The Goetia

Goetia também é conhecida como Lesser, Chave de Salomão, um guia à evocação de "demônios"; ou lesser, anjos incompletos, obcecados que procuravam sexo, dinheiro e prazeres terrestres. O Grimoire, que tem origem de um manuscrito do século XVI e foi exumado por S. Liddell Macgregor Mathers, co-fundador da organização oculta The Golden Dawn, e mais tarde traduziu e publicou por Aleister Crowley no começo do século XX.

Isso marca outra conexão, mesmo que seja apenas coincidência, às várias referências feitas por Manson ao Crowley desde o começo do "Lest We Forget" até 2006.

 

 

Babalon & the Papal Orb

Collaboration with Obyvatelius_Vulgaris | PaintPit.ru

No começo de outubro de 2006 a loja oficial do site colocou camisetas novas a venda. Enquanto muitas das camisetas contavam com imagens já conhecidas, características dos trabalhos de épocas diferentes do Manson, duas delas fugiam completamente do conceito. Eram elas: Circle 7 e Double Double.

A primeira contém a Estrela de Babalon, que foi elemento recorrente nos pensamentos do Manson desde que o conceito de Celebritarianismo foi “ressucitado” e, por essa aparição constante, parece ser parte significativa de suas intenções para com a Celebritarian Corporation. Como discutido anteriormente, os primeiros casos do uso disso foi durante o Holy Wood, mas desde março de 2006 entrou novamente pros projetos. O mais notável foi no design da camiseta mostrada acima, onde foi criado uma “marca” para a profecia do Apocalipse.

No desenho da segunda camiseta, Double Double, Manson reinterpretou um símbolo medieval Cristão de autoridade conhecido como Globus ou apenas Orbe. O Globus é basicamente uma esfera com uma cruz em cima e, juntamente com o cetro, foi amplamente utilizado pelos monarcas Cristãos como uma representação simbólica do triunfo do Cristianismo a nível mundial.

Como tantos outros símbolos cristãos, o Globus é derivado da antiguidade. Na antiga planície Roma, o Orbe era uma representação do mundo (em Latin, Orbis Terrarum, o “círculo dos países”) ou o Universo como um todo harmonioso (o cosmos); mantê-lo na mão era uma mensagem clara de poder. Os romanos associavam com Júpiter (juntamente com o cetro como outro principal atributo) e, portanto, com o inperador como seu representante na Terra. Ao definir uma cruz em cima do Orbe, os cristãos reinterpretaram o símbolo como o domínio de Cristo (a cruz) sobre o mundo (o Orbe).

Um retrato do século XII de Cristo segurando o Globus.

Manson volta às origens deste símbolo usando um círculo (que é o que a palavra “orbe” significa, literalmente) no lugar de uma bola tradicional. O círculo usado é basicamente um elemento do seu novo símbolo, o da Celebritarian Corporation, e é rodeado por 15 cruzes de Lorraine. Uma das cruzes é claramente maior que as outras e está no topo da esfera, fazendo parecer muito o Globus. Manson, por conseguinte, não afirma a dominação de Cristo sobre o mundo, mas sim o domínio oculto do princípio “Como acima, assim abaixo”, consubstanciado na Cruz de Lorraine. A Grande Cruz de Lorraine que pode ser vista no fundo está enfatizando esse domínio.

É essencial também, na parte de trás da camiseta, um estranho símbolo de crânio e ossos no centro do orbe, visto como uma referência direta ao Celebritarianismo. Como Aleister Crowley uma vez colocou em seu “Equinócio dos Deuses”: o cristianismo e a ‘adoração da morte’ pela religião glorifica o sofrimento e cadáveres. Também não se pode excluir a associação do Globus com Júpiter e do Imperador e, portanto, com toda a idéia de Vontade de Poder, que foi um ponto crucial na trilogia (compare com a carta do Imperador no deck do Manson).

 

 

Romanticism

Antes do início da turnê Against All Gods e muito antes de qualquer indicação de uma nova Era, o Romantismo exerceu influência sobre muitos aspectos da obra de Marilyn Manson. Na verdade, muito dos artistas que Manson analisou são figuras do Romantismo, como o Marquês de Sade, Oscar Wilde, Francisco Goya, Friedrich Nietzsche e Edgar Allen Poe.

O Romantismo é, talvez, melhor definido como um movimento o qual mais tarde veio a ser conhecido como o Contra-Iluminismo. Foi mais que apenas um período na história, foi um período que olhou para as crenças de uma época anterior, uma etapa de novas perspectivas e, acima de tudo, de redescoberta e valorização da beleza em todas as formas, seja claro ou escuro. Devido a esses valores, o Romantismo foi capaz de se manter vivo através de um trecho significativo de tempo e floresceu fortemente entre meados do século XVII e o início do século XIX.

Com muita antecipação das inspirações que Manson tem citado, começou a circular entre os fãs de Manson que a direção do Manson provaria ser fundamentado no amor e romance. Quando Manson deu uma entrevista ao MansonUsa.com, ele foi dado a chance de esclarecer essa direção:

Este álbum vem de muitos lugares diferentes, mas vou chamá-lo de romântico. Não no sentido de dar as mãos e caminhar ao luar, mas romântico como o desejo não realizado de estar em outro momento ou outro lugar onde você sente que se adaptaria melhor. É algo que todos podem se identificar. Também tem muito a ver com o desejo de encontrar outra pessoa para compartilhar isso. É a luta que você tem que procurar. É muito diferente de tudo o que fizemos, é também muito “denso”.

O Romantismo, em seu sentido mais puro, atinge um paralelo com cada aspecto da descrição acima. Os Românticos eram um grupo excêntrico, composto basicamente por artistas e intelectuais que viviam em uma sociedade em que sentiam que não pertenceram. Com a industrialização, a rápida destruição da natureza, a grande descrença em Deus e a rejeição do abstrato em favor da ciência fria e objetiva, os Românticos procuraram encontrar um mundo em que poderiam ter vivido melhor. Quando não pôde ser encontrado, eles o criaram através da filosofia, arte, teologia e outras vias. Rapidamente ficaram em oposição à sua cultura.

Os seguidores do Romantismo procuraram obter respostas de si mesmos, e, assim, tudo o que podia fazê-los sentir mais em harmonia com a humanidade. Terror, horror, medo, pânico; esses sentimentos antes vistos como negativos e sinal de fraqueza, tornaram-se garantias da humanidade.

Qualquer emoção, arte ou ponto de vista que pode transcender os Românticos de uma sociedade, que estava se tornando cada vez mais sombria e mecanizada, foi celebrado (independente do que foi considerado “positivo” ou “negativo”). Devido a isso, os Românticos viram beleza em tudo, e o pensamento antigo de “preto e branco – bom e mal” tornou-se cinza. Embora o amor possa ser romântico, também pode ser assustador e ambos foram considerados como belo e romântico por sua capacidade de “mover” as pessoas.

Mas, acima de tudo, a própria natureza foi o auge da beleza, pois deu tranquilidade aos Românticos e lembrança constante de que há coisas no mundo que vão além da humanidade. De várias formas, a natureza foi a mãe adotiva dos Românticos.

A identificação de Manson com Lewis Carroll também tem seu paralelo com os Românticos, que procuraram fazer do mundo um lugar melhor para viver. Carroll, nascido perto do início da Era Vitoriana (e falecido pouco antes da sua conclusão), passou uma grande parte do seu tempo isolado. Enquanto o movimento Romântico foi, na maior parte, chegando ao fim no início de sua vida, seria difícil de dizer pela leitura da obra de Carroll. Explorando um vasto leque de temas e escrevendo sobre amor, beleza e realidades alternativas, é claramente evidente que Carroll sentia como se estivesse preso em uma sociedade a qual não pertencia. Fotografar e escrever se tornou pontos para criar um mundo novo e, de fato, uma vez feito o processo de fotografia mais tecnológico e rápido, o mundo foi inundado em sua arte isolada.

Adam Ant,
usando uma maquiagem branca abaixo dos olhos que Manson sempre utilizou, mas preta.

Em um mundo moderno, o Romantismo faz um “revival” dos anos 80 com o movimento “Neo-Romântico” muitas vezes referido ou sobreposto com o new wave (movimento que surgiu do pós-punk). Manson falou muito dos artistas desse período. O movimento Neo-Romântico, como diz o nome, combina o punk teatral com Vaudeville e elementos da era Vitoriana. Foi essa mesma cena underground que Manson “refez” por atuar como Christina no filme Party Monster, baseado no livro “Disco Bloodbath”, escrito por James St. James sobre o Michael Alig, que fala sobre um período do início dos anos 90 em Nova York.

Capa do filme Party Monster Manson interpretando Christina, em 2002

Manson já disse que, em algum sentido, se influenciou por David Bowie, o pai do rock glam, teatral e conceitual. Especificamente, o disco “Diamond Dogs.” Outros artistas de destaque que, em algum momento foram considerados parte do Neo-Romantismo britânico underground são: pre-Culture Club Boy George, Adam and the Ants, Depeche Mode, Eurythmics e Soft Cell – os três últimos Manson fez cover.

Adam Ant durante a era “Stand and Deliver” e Marilyn Manson ao vivo na turnê Guns, God and Government em 2001.

 

 

Adam Ant e Marilyn Manson fotografado por Dean Karr durante o início da Era Omega.

the Victorian Era

 

 

A brief history of the Victorian Era

Marcado pelo reinado da rainha Victoria, a Era Vitoriana (1837-1901) foi uma época envolta em contradições, revoluções tecnológicas, pensamentos contrastantes, pontos de vista “morais” e opiniões interessantes sobre mulheres e crianças.

A Rainha: essência Vitoriana que teve moralidade como base.

Com um campo tão rico em história, não é surpresa que Manson olhe, faça alusões e paralelos aos Vitorianos. A sociedade marcada por contradições, dicotomia e maravilhas artísticas serviu como “terreno fértil” para grandes pensadores e artistas.

Enquanto a Peste Negra começou a “adormecer”, quando havia surtos de proporções a lá livro do Apocalipse, ainda existia um punhado de epidemias que continuaria em seu lugar, como tifo, mas sem dúvida a mais notada foi a cólera, que chegou a ser personificada como “dom da morte”.

Pequeno jornal que ilustrou a Morte como quem trouxe a cólera.

Além da morte ser a provadora da cólera, a era Vitoriana foi uma época marcada por derramamento de sangue, devido ao número de guerras e conflitos globais. A Guerra dos Bôeres, da Criméia, revoltas na Índia... Tudo foi apenas a ponta do iceberg.

A revolta veio de muitas maneiras, não necessariamente violentas. A mais sutil e perigosa havia começado: uma revolta do espírito e da vontade. Crenças e valores básicos que foram considerados verdade por vários e vários séculos começaram a ser questionados. Charles Darwin trouxe um dos momentos mais marcantes para a era Vitoriana, fazendo com que a massa repensasse ou refutasse a filosofia e ideologia, que agora contava com história, evolução, teologia, ciência e até moralidade. A insegurança e dúvida foram plantadas na mente da massa e a Igreja, Estado e outras autoridades trabalharam no “controle de danos”.

A mulher realizou um papel interessante na cultura Vitoriana. Nunca foi um gênero tão respeitado, ainda oprimido, pudica e sexualmente ativo. Fazendo um paralelo com a cultura de hoje, as mulheres ainda continuam pressionadas a estar em conformidade com padrões idealizados de beleza, porém ao contrário de hoje, a beleza antes era também uma forma pureza.

A figura da mulher era vista como sagrada e seu corpo, um templo. Profanar o templo com adornos físicos como jóias ou diminuir a beleza da criação de Deus com maquiagem era visto como calúnia, trabalho de prostituta. O ideal para qualquer mulher era manter uma inocência infantil, enquanto mantinham uma perfeição de beleza como se fossem bonecas. Para atingir essa meta, evitavam o máximo o contato com o sol, usavam roupas que cobriam o máximo possível da pele (muitas vezes usando lenços para cobrir e proteger outras partes), bebiam vinagre para ter a pele sempre pálida, entre outras coisas. Essa era a filosofia de beleza, que são de onde vem parte da “beleza gótica vampiresca”, assim como o traje de contenção que virou fetiche. A estética BDSM deve muito às luvas que cobriam todo o braço e corsets, que hoje são, normalmente, substituidos pelo mesmo em vinil.

A cultura de repressão e pureza, no entanto, criou um contraste. A era Vitoriana se tornou uma era de revolução sexual introspectiva, com literatura e fotografia eróticas:

Exemplos da pornografia/fotografia erótica Vitoriana.
Eu rapidamente senti seu dedo novamente introduzindo a cabeça de um terrível motor que eu havia sentido antes, que agora mais parece um pilar de marfim entrando em mim. Meus pedidos, súplicas e lágrimas foram em vão. Eu estava no altar e ele estava determinado a terminar o sacrifício. Na verdade, meus gritos pareciam apenas instigá-lo a acabar logo comigo e chupando meus lábios e seios com fúria, ele impiedosamente arrancava todos os obstáculos que a minha virgindade oferecia rasgando-me e cortando-me em pedaços enquanto estava totalmente enterrado em mim. Eu não poderia suportar o tormento por muito tempo soltando um grito estridente e afundado em sensibilidade nos braços do meu cruel estuprador.
The Lustful Turk, 1828
Tons, formas e objetivos similares em uma série de retratos eróticos feitos por Jurgen Teller mostrando a intimidade do casal. Publicado em Coleções FHM em setembro de 2004, juntamente com uma entrevista com a Dita.

Quando luxúria pode ser encontrada, violência e morte não estão muito longe, geralmente. Com isso, um dos mais notáveis serial killers da história também fez sua estréia durante este período de tempo. Em 1888, ele usou o pseudônimo “Jack, o Estripador” matando e mutilando pelo menos 5 prostitutas, aterrorizando as ruas de Londres, fazendo com que a polícia entrasse em frenesi. E assim como hoje, isso fez com que o público fixasse no assunto e zumbisse feito mosca no enxame da morte com jornais e ampla cobertura da imprensa mundial. Velhos e jovens avidamente devoravam as últimas notícias. Uma demonstração de Celebritarianismo no século XIX.

Cartaz do filme From Hell (esquerda). Manson e Depp na premiér em 2001 (direita).

Familiar para a maioria e também mencionado na seção CELULÓIDE, o filme “From Hell”, (2001) estrelado pelo amigo pessoal de Manson e conhecedor de absinto Johnny Depp, é uma releitura surreal e conspiratória da “caminhada” de Jack, o Estripador pela Londres Vitoriana. Manson compôs a trilha sonora original que, mais tarde, foi substituída por uma mais “clássica”, mas contribuiu com o Wormwood Remix da "The Nobodies" nos créditos do filme, dando a conexão Vitoriana no trabalho do Manson um começo muito mais antecipado.

É também notável a menção especial que Manson fez a dois Vitorianos, nos quais se baseou em diversas ocasiões: Lewis Carroll e Oscar Wilde. Amos proeminentes da era Vitoriana, que, sem dúvida, serviram de grande inspiração e influência para Manson e, quem sabe, continue no futuro.

Acima da Esquerda para a Direita: Oscar Wilde e Lewis Carroll. Extraordinários Artistas Vitorianos.
Oscar Wilde, uma das influências mais fortes nas composções de Manson durante o "The Golden Age of Grotesque". Manson no verão de 2005 no primeiro comunicado online do filme Phantasmagoria.
Poster promocional de 2006 de Phantasmagoria. Discutido mais adiante, o “bem vestir” da figura central sem cabeça é uma ilustração direta da estética masculina Vitoriana, contexto no qual Lewis Carroll está inserido.

 

 

Operatice Personage, Removing the Mask & Victorian imagery

A realidade é a coisa mais assustadora de todas. Me sinto atraído à idéia do artista retirar a máscara. Mas agora... Não estou tão seguro do que está por baixo de todas as minhas máscaras... Ou não há nada. Provavelmente outra máscara. A palavra “persona” realmente significa brincar de ser outra pessoa quando está criando coisas, não acho que posso ser mais “eu” enquanto crio coisas. Há um lado bom nisso?
Marilyn Manson

 

the Opera Singer

À esquerda: cantor de ópera Vitoriano ricamente vestido. À direita: Manson no palco na Europa em 2005, o demagogo Wagneriano, numa saia Vitoriana e colete, acentuados por babados excêntricos que um cantor Vitoriano de ópera derrama fora do fraque.

No início de 2005, durante o fechamento da primeira faze da turnê Against All Gods, numa entrevista à imprensa Coreana depois de sua primeira apresentação no país, Manson deu a entender que um dos caminhos que ele seguia era perseguir constantes incursões de experimentação, incluindo elementos de ópera. Embora isto não tenha se revelado como uma nova forma de música durante a época, toda a segunda parte da turnê era regada por trajes evocativos ao vestuário da Ópera.

the Masked DoppleGängers

Esquerda: Manson com uma bengala (acessório popular na era Vitoriana), entre várias dopplegangers com seu rosto. Direita: Manson “encara” outra máscara do seu próprio rosto; no pescoço, um adorno pontilhado, comum da época.
Manson vestido com um chapéu Vitoriano tradicional (esq) e o Maestro da Ópera, vestindo uma roupa vitoriana, segurando o “bastão” (dir).

the Phantom

Manson em trajes muito formais com casaco, luvas brancas, bengala de cavalheiro e gravada. À direita: Homem de Mil Faces, Lon Chaney, Sr. Em O Fantasma da Ópera.

the Doll

Lily Cole, que é modelo, tem cabelo vermelho e feições muito marcantes, como de uma boneca.
Dramatic New Scenes for Celebritarian New Needs

Bonecas eram item de colecionador par os Vitorianos, que valorizavam a beleza eterna, pele clara e apelo inocente. A pele pálida de Lily era muito visada pelas mulheres na era Vitoriana, que chegavam até a beber vinagre na tentativa de manter a pele pálida.

Lily Cole, de repouso, com uma sombrinha. Para os Vitorianos, a sombrinha era mais do que apenas um escudo contra a chuva. Servia como acessório, ajudando as mulheres a manter a pele pálida, protegendo contra o sol, ao lado de “Mulher com Sombrinha” de Claude Monet, 1866.

the Film Maker

Fritz Lang, diretor de “M”, a quem Manson fez alusão na imagem anterior usando o monóculo, que é a “marca” de Lang. Monóculos eram comuns entre alguns cavalheiros da era Vitoriana. Dita Von Teese usou um chapéu-coco e Marilyn Manson um terno tradicional, com um óculos faltando uma lente (criando um monóculo para o olho esquerdo).

Mais fotos de Manson com o monóculo, acessório excêntrico comum a muitos artistas.

the Gentlemen

Manson, Pogo e Mark em trajes tradicionais Vitorianos.

the Constrained

Tim Skold tocando baixo em uma armação de arame de malha, uma “saia de aros”. À direita, duas mulheres vestidas com saias Vitorianas (de aro) para moldar seu corpo, pela moda ditada na época.
Marlene Dietrich colocando sua saia de aro em “The Scarlet Empress”.

the Death's Head Soldiers

Manson vestindo um casaco de Oficial, com alusões tanto à era Vitoriana quanto a Segunda Guerra Mundial. Sobre o ombro esquerdo há um ornamento com dois ossos: símbolo da hierarquia militar, porém, no contexto utilizado, pode ser considerado referência à Peste Negra. Foi muito utilizado por Manson nesse período. Criado pelo estilista John Galliano no estilo Vivienne Westwood (Manson também trabalhou em 2005), que na década de 70 brincou com o conceito da palavra “SEXO” soletrada em ossos de galinha em seus projetos iniciais.

Marilyn Manson usando um chapéu militar da Segunda Guerra Mundial e um patch com a insígnia britânica que, por sua vez, era formado por um bastão e uma espada (cruzados) abaixo de uma coroa Vitoriana, provavelmente indicando o posto de Sargento.
Manson com a anterior citada insígnia britânica e outra ainda não identificada. Skold na vestimenta oficial militar. Abaixo, atrás de Manson, os suportes de teclado do Pogo, semelhantes à uma forca.

 

 

The Flowers of Evil

Les Fleurs Du Mal (As Flores Do Mal). Referência ao “jardim das flores vivas” e, posteriormente, título de sua exposição de pinturas em 2007.

Embora hoje as flores sejam, geralmente, consideradas cada uma com suas características individuais, foram os Vitorianos quem trouxeram primeiramente a rica tapeçaria com flores. Durante essa era, grande parte da simbologia icônica entraram em vigor, incluindo a mais famosa delas: rosa vermelha como gesto de paixão inabalável, desejo, fidelidade e/ou lealdade. Como demonstrações públicas de afeto não eram socialmente aceitas, as flores se tornaram um meio popular de expressar sentimentos.

Desenho original de John Tenniel. Alice explorando o Jardim das Flores Vivas em uma de suas viagens no País das Maravilhas. O mesmo jardim, na versão da Disney.

Os Vitorianos entrelaçaram cultura e flores. Era comum grandes arranjos dentro de casa e eram até usadas no vestuário. Além disso, durante visitas regulares aos túmulos, rosas eram deixadas para cada membro falecido da família como símbolo de fidelidade eterna e respeito.

Referindo-se a Charles Baudelaire, a pintura Les Fleurs du Mal nos leva ao trabalho de Lewis Carroll, que fez menção à rosas em Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho.


“No entanto, lá estava o morro, bem a vista, de modo que não havia outra coisa a fazer senão começar de novo. Dessa vez topou com um grande canteiro, orlado de margaridas, e um salgueiro crescendo no meio.

“Ò, Lírio-Tigre!” chamou Alice, dirigindo-se a um que ondulava graciosamente ao vento, “gostaria que pudesse falar!”

“Pois podemos”, falou o Lírio-Tigre, “quando há alguém com quem valha à pena conversar”

Alice ficou tão espantada que perdeu a voz por um minuto; quase pôs o coração pela boca. Por fim, como o Lírio-Tigre apenas continuava a balançar, falou de novo, numa voz tímida... quase um sussurro: “E todas as flores podem falar?”

“Tão bem quanto você” respondeu o Lírio-Tigre. “E bem mais alto”

Seria pouco delicado da nossa parte começar, sabe” disse a Rosa “ e eu realmente estava me perguntando quando você falaria! Disse comigo ‘O semblante dela me diz alguma coisa, embora não seja uma coisa inteligente!’ Apesar de tudo você tem a cor certa,e isso já é meio caminho andado”

“Não me importo com a cor” observou Lírio-Tigre “Se pelo menos suas pétalas se encrespassem um pouco mais, tudo estaria bem com ela”

Não gostando de se ver criticada, Alice começou a fazer perguntas: “Não sentem medo as vezes de ficar plantados aqui fora sem ninguém para cuidas de vocês?”

“Há a arvore no meio” disse a Rosa. “para que mais ela serve?”

“Mas o que poderia ela fazer se surgisse algum perigo?” perguntou Alice.

“Abrir o berreiro!” gritou a Margarida. “É por isso que os salgueiros são chamados de chorões!”

“Você não sabia disso?” espantou-se outra Margarida, e então todas começaram a gritar ao mesmo tempo, até que o ar pareceu repleto de vozes esganiçadas. “Silencio, todas vocês!” gritou o Lírio-tigre agitando-se arrebatadamente de um lado para o outro, com frêmitos de excitação. “Sabem que não posso alcançá-las!” disse entre arquejos, inclinando a cabeça tremula para Alice. “ou não se atreveriam a fazer isso”.

“Não faz mal!” Alice disse num tom apaziguador; e curvando-se para as margaridas, que estavam recomeçando naquele instante, sussurrou: “Se não calarem a boca, eu as colho!”

O silencio foi imediato, e varias das margaridas cor-de-rosa ficaram brancas.

“Muito bem”, falou o Lírio-Tigre, “As margaridas são as piores. Quando uma fala, começam todas ao mesmo tempo, fazendo um alarido que deixa qualquer um murcho!”

“como é possível que vocês todos possam falar tão bem?” disse Alice, na esperança de melhorar o humor dele com um elogio. “Estive em muitos jardins antes, mas nenhuma flor podia falar”.

“ponha a Mão na terra e sinta” disse o Lírio-Tigre. “Assim vai saber por quê”

Alice obedeceu. “É muito dura” observou, “mas não sei o que uma coisa tem a ver com a outra”

“na maioria dos jardins”, explicou o Lírio-Tigre, “fazem os canteiros fofos demais... por isso as flores estão sempre dormindo.”

Parecia uma excelente razão, e Alice gostou muito de ouvi-la. “Nunca pensei nisso antes!” disse.

“Na minha opinião, você nunca pensa em coisa alguma” Disse a rosa num tom bastante ríspido.

“Nunca vi ninguém com ar mais bronco”, comentou uma Violeta, tão de repente que Alice deu um pulo, pois ela não tinha falado antes.

Dobre sua língua!” exclamou o Lírio-tigre. “Como se você já tivesse visto alguém!Enfia a cabeça sob as folhas e fica lá roncando, até saber tão pouco do que se passa no mundo quanto um botão!”

“Há mais pessoas no jardim além de mim?” Alice perguntou, preferindo não leva em conta a ultima observação da Rosa.

“há uma outra flor no jardim que é capaz de andar como você” disse a Rosa. “Pergunto-me como fazem isso...(“Você esta sempre se espantando”, interrompeu o Lírio-tigre), “mas ela é mais folhuda que você.”

“É parecida comigo?” Alice perguntou ansiosa, pois lhe ocorrera a idéia: “Há uma outra menininha em algum canto do jardim!”

“Bem, tem a mesma forma desajeitada que você”, a Rosa disse “mas é mais vermelha... e tem pétalas mais curtas, acho.”

“Tem as pétalas mais próximas, quase como uma dália”, o Lírio-tigre interrompeu; “não descaídas em redor como as suas”

“Mas isso não é culpa sua”, a Rosa acrescentou delicadamente. “Você esta começando a fenecer, sabe... e nesse caso é impossível evitar que nossas pétalas fiquem um pouco desalinhadas.”

Alice não gostou nada dessa idéia; assim, para mudar de assunto, perguntou: “Ela vem aqui de vez em quando?”

“Provavelmente logo a verá” disse a Rosa. “É do tipo que tem nove espigas.”

“Onde as usa?” Alice perguntou com certa curiosidade.

“Ora, em volta da cabeça, é claro”, respondeu a Rosa. “O que me admirou foi que você não tivesse algumas também. Pensei que fosse a norma geral.”

“Lá vem ela!” gritou a Esporinha. “Estou ouvindo os passos dela, chump, chump, chump, no cascalho!”

Alice olhou em volta aflita e descobriu que era a Rainha Vermelha. “Como ela cresceu!” foi sua primeira observação. De fato: quando Alice a encontrara entre as cinzas, tinha só sete centímetros de altura... e cá estava, meia cabeça mais alta do que ela própria!

“É o ar fresco que faz isso” disse a Rosa, “temos um ar maravilhosamente puro aqui fora.”br />
“Acho que vou ao encontro dela”, disse Alice, pois embora as flores fossem bastante interessante, sentiu que seria muito mais sensacional ter uma conversa com uma Rainha de verdade.

`Yo“Isso você não vai conseguir” disse a Rosa. “Eu a aconselharia a ir ao contrario.” Finito.
Através do Espelho, Capítulo II: O Jardim das Flores Vivas
Recepção do casamento de Marilyn Manson e Dita Von Teese. Milhares de rosas nos lembram o conceito dito anteriormente, além de ser símbolo do amor.

Pequena passagem em Alice no País das Maravilhas que fala sobre rosas:


Uma grande roseira imperava na entrada do jardim: as rosas que nela cresciam eram brancas, mas havia três jardineiros que se ocupavam em pintá-las de vermelho. Alice achou que aquilo era uma coisa estranha e aproximou-se para ver melhor. Justamente na hora que chegou perto deles, ouviu um dos jardineiros dizer: "Cuidado, Cinco! Não jogue tinta em mim!"

"Eu não tive culpa", disse o Cinco em um tom aborrecido. "O Sete empurrou meu cotovelo."

Nisso Sete olhou para cima e retrucou: "Muito bem, Cinco! Sempre colocando a culpa nos outros!"

"É melhor você não falar nada!", disse o Cinco. "Ontem mesmo eu ouvi a Rainha dizer que você merecia ser decapitado!"

"Por quê?", disse aquele que tinha falado primeiro.

"Não é de sua conta, Dois!", disse o Sete.

"É sim, é da conta dele!", disse o Cinco. "E eu vou dizer pra ele... é porque você levou raízes de tulipa ao invés de cebolas para a cozinheira."

O Sete jogou o pincel fora, e estava começando a falar "Bem, de todas as injustiças...", quando seus olhos caíram sobre Alice, que os estava observando. Ele calou-se subitamente: os outros olharam ao redor e todos curvaram-se em respeitosa reverência.

"Vocês poderiam dizer-me, por favor", disse Alice, um pouco timidamente, "por que estão pintando estas rosas?"

O Cinto e o Sete não disseram nada, mas olharam para o Dois. o Doius começou, em um tom baixo: "Porque, de fato, você vê, Senhorita, esta deveria ser uma roseira vermelha, e nós plantamos uma roseira branca por engano e, se a Rainha descobrir, nós todos seremos decapitados, sabe. Portanto, você ve, Senhorita, estamos fazendo o melhor possível, antes que ela chegue para..."
Alice no País das Maravilhas, Capítulo VIII: O Jogo de Críquete da Rainha

Lewis Carroll, o mesmo Vitoriano, também escreveu um belo trabalho intitulado “The Path of Roses” (O Caminho das Rosas), que foi um tributo a Florence Nightingale.

 

 

Florence Nightingale, homenageada no livro "The Path of Roses" de Lewis Carroll. “Rosas no casamento de Dita e Manson”, pelo fotógrafo Celebritariano oficial Perou.

Pierre et Gilles:

Dentro do encarte do “Lest We Forget”, bem como na página de título onde acompanha o DVD, uma nova fotografia intitulada apenas como “Retrato Oficial” veio à tona. Seu título original mais tarde foi revelado numa exposição: The Dead Song. Os criadores da peça, atribuída ao casal Pierre et Gilles, esculpiram-se num nicho destacado do cenário artístico por seu trabalho notável que muitas vezes explora as profundezas do glamour, religião, amor, violência e homoerotismo.

Os artistas Pierre et Gilles em frente à sua criação.

O “Retrato Oficial” do Manson faz paralelo com um trabalho anterior bem conhecido de Pierre et Gilles, realizado em 1988:

“La Rose et le Couteau” (A Rosa e a Faca), representando um oficial alemão. “The Dead Song”, com Manson usando trajes Oficiais.

“A Rosa e a Faca” serve como notável paralelo ao trabalho artístico de Marilyn Manson, formando sua própria dicotomia: a flor do amor e paz em contraste com o símbolo do ódio e da violência.

A interpretação de Manson pode ser vista no chapéu. Enquanto o oficial alemão carrega em seu chapéu uma águia e um Totenkopf, Manson retira totalmente e, no lugar, coloca crânio e ossos (uma das inúmeras referências à Peste Negra que Manson adota durante o período da Against All Gods tour).

Separadamente, um retrato de Pierre et Gilles, pode continuar mostrando e examinando esses aspectos, mostrando Manson e sua encantadora noiva:

Pierre et Gilles, “Le Grand Amour” (O Grande Amor): Manson como Oficial, com trajes tradicionais alemães, ossos e crânios contrastando com a beleza das flores, reconhecidas como símbolo de inocência e amor leal. Dita é descrita com uma beleza Vitoriana, com sua pele pálida e roupa florida, que representa a fascinação da época por flores. Tudo ali, num geral, contrasta com o Grotesco representado por Manson (com os ossos e crânio), criando uma atmosfera oposta impressionante.

Desconhecido para a maioria, Pierre et Gilles estavam por trás de outros dois trabalhos de Dita. Nessas peças, Dita adotou a identidade da The Black Dahlia (a qual Manson também tinha explorado através de uma série de pinturas narrando a trágica morte de Elizabeth Short):

Esquerda: The Black Dahlia: The Night Garden. Apresenta o contraste rosa-faca, mais uma vez, amor-morte. O título é evocativo ao descobrimento do corpo de Elizabeth no Leimert Park. Direita: The Black Dahlia: January 15, 1947. Representaa horrível morte de Elizabeth. A data é a mesma de quando seu corpo foi encontrado.

 

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